O Banco Central avalia que existem sinais incipientes de moderação no crescimento da economia brasileira, mas ainda não há evidências concretas de desaceleração ampla e consolidada. A análise foi apresentada na quinta -feira (24) pelo Diretor de Política Econômica da Autoridade Monetária, Diogo Guillen, durante um evento promovido pelo XP em Washington, à margem da reunião do FMI.

Guillen enfatizou que a política monetária continua trabalhando e deve expandir o tempo de folga na lacuna do produto, reduzindo as pressões inflacionárias ao longo do tempo. “A política monetária funciona. Funciona na lacuna do produto e, com sua expansão, a inflação tende a convergir para a meta”, disse ele.

Segundo ele, a expectativa atual é uma redução de crescimento de 3,4% para 1,9% entre 2023 e 2024, de acordo com o cenário base do último relatório de inflação. No entanto, o diretor considerou que a avaliação depende de vários setores e indicadores, com sinais mistos entre produção industrial, vendas de varejo e mercado de crédito.

Guillen citou o declínio do consumo de famílias no último trimestre como uma das primeiras evidências de moderação. “Houve uma surpresa negativa no PIB do último trimestre, com uma queda no consumo de famílias. Mas os trimestres anteriores trouxeram revisões”, observou ele.

O diretor também destacou a recente estabilização de indicadores de crédito, que começaram a mostrar leve inflexão após um longo período de crescimento, apesar do cenário de altas taxas de juros. “Os volumes eram mais fortes do que o esperado, dado o nível da taxa básica, mas o fluxo financeiro já está começando a indicar reversão”, explicou.

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Quanto à inflação, Guillen apontou que os núcleos seguem acima do teto da meta e com a dispersão entre os componentes, o que reforça o diagnóstico de inflação persistente. Ele enfatizou que há consenso no Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o desconforto com a ancoragem das expectativas inflacionárias.

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No nível externo, Guillen avaliou que o impacto do cenário internacional no Brasil ocorre principalmente pelo canal financeiro e não comercial, devido ao grau de abertura da economia brasileira. Segundo ele, uma desaceleração global de 1% teria um efeito limitado de 0,2 ponto percentual no crescimento nacional do PIB, de acordo com os modelos internos do BC.

Finalmente, enfatizou que o momento atual de alta incerteza requer cautela e flexibilidade na condução da política monetária. “Quando a visibilidade é baixa, é necessário ser ainda mais cauteloso. E quando há menos incerteza, é possível oferecer mais visibilidade e comprometimento”, concluiu.

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