Durante a sessão que aprovou na terça-feira (20), a lei que restringe o reconhecimento da cidadania italiana para a prole, deputada Giovanni Maioirano, do Partido Fratelli d’Italia-Some da primeira-ministra Giorgia Meloni, fez um discurso contundente em defesa da nova legislação e crítica direta do Brasil.
“A cidadania italiana está sendo vendida nas janelas das agências espalhadas por toda a Itália por 5.000, 10.000 euros cada. Isso é escandaloso para nós”, disse o parlamentar. “Existem pedidos baseados em um ancestral verdadeiro, presumido ou mesmo falso que foi ao Brasil em 1850 – estamos falando sobre a sexta geração – mas alguém finge não ver isso”, acrescentou, indignado.
Maiioran também atacou campanhas promocionais de empresas que prestam serviços relacionados à cidadania, mencionando especificamente uma ação intitulada “Black Friday of Italian Cidounia”. “Quando ouvi pela primeira vez, pensei que era uma notícia falsa. Mas olhe na internet para ver lojas com pôsteres dizendo: ‘Aqui está vendendo a cidadania italiana’.” Com slogans como “Ganhe acesso aos Estados Unidos sem entrevista consular”, “entre os 27 países da União Europeia”, “use o sistema de saúde italiano” … isso se tornou um mercado lucrativo “, criticou ele.
Segundo ele, a lei aprovada – que limita o reconhecimento da cidadania a até dois graus de ascendência e exige que o ascendente possua exclusivamente cidadania italiana – é uma resposta a esse cenário. “Cidadania é um privilégio, não pode ser dado àqueles que não têm conexão real com a Itália. Ser um cidadão italiano exige amor pelo país”, disse ele.
O parlamentar também argumentou que o governo de Meloni age com “seriedade e compromisso com o futuro da nação” e rejeitou as críticas à oposição, afirmando que “não fazer nada” seria mais confortável, mas irresponsável. “Existem menos de 60 milhões de italianos na Itália, mas potencialmente 80 milhões fora do país podem solicitar a cidadania. Isso compromete o futuro de nossa nação”.
O discurso do deputado resume o espírito da nova legislação italiana, que busca limitar o acesso à cidadania por descendência, especialmente em países como o Brasil, onde existem milhões de descendentes de italianos. Aprovado agora pelas duas casas legislativas, a nova regra está aguardando publicação oficial, mas está em vigor desde março.