O vice-Pedro Lupion (PP-PR), Presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), que reúne 352 deputados e senadores, avalia que as barreiras tarifárias do governo de Donald Trump eventualmente “se tornando uma certa oportunidade” para o agronegócio brasileiro.
Na semana passada, a FPA articulou a aprovação da lei de reciprocidade, que pode ser usada para garantir condições iguais para produtos brasileiros no mercado internacional.
Confira a avaliação de Lupion das medidas de Trump, em uma entrevista com InfoMoney:
Infomoney – Como você recebeu o anúncio do presidente Donald Trump sobre barreiras tarifárias?
Pedro Lupion – Qualquer anúncio de barreiras tarifárias causa preocupação, especialmente para um país exportador como o Brasil. No entanto, ao analisar o impacto específico no agronegócio brasileiro, percebemos que o pacote anunciado era mais suave do que o esperado. Era evidente que essa é uma medida com viés econômico, focada principalmente no equilíbrio comercial dos EUA. Os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil e é um parceiro importante. Para nós, acabou sendo uma certa oportunidade, analisando muito friamente. Acabamos abrindo a oportunidade para o nosso mercado.
IM – Quais setores de Agro devem ser mais afetados?
PL – Alguns segmentos agro específicos podem sentir mais os efeitos de novas tarifas. Entre eles, destacamos o suco de laranja – do qual o Brasil representa cerca de 80% da produção mundial – além de carne, madeira, borracha e etanol, que enfrentam tarifas mais altas. Estes são setores que podem ter um impacto maior.
IM – A frente pretende agir com o executivo para negociar com os EUA?
Desta vez, não vemos a necessidade de desencadear a reciprocidade da lei aprovada pelo Congresso e ainda aguardar a sanção presidencial. O mais prudente agora é manter o equilíbrio e garantir que o Brasil esteja na mesa de negociação. Precisamos identificar claramente quais são as ameaças e as oportunidades que esse novo cenário nos apresenta.