O ministro Nunes Marques do Supremo Tribunal Federal (STF) solicitou uma visão e suspendeu na sexta -feira (4) o julgamento da apelação que trata da anulação de procedimentos contra o ex -ministro Antonio Palocci na operação Lava Jato.
Com a suspensão da análise do caso, o julgamento permanece ligado em 2 votos a 2.
O voto de Nunes Marques interromperia o julgamento, que até então foi de 2 votos para 2 na segunda classe. Com o pedido de visualização, ele terá mais 90 dias para analisar o caso.
Até então, os ministros Edson Fachin e André Mendonça votaram contra a anulação, enquanto Gilmar Mendes e Dias Toffoli são favoráveis. O teste virtual começou na semana passada e não tem data para retomar.
O segundo painel do tribunal tentou um recurso do Gabinete do Procurador -Geral (PGR) que pretendia suspender uma decisão de Dias Toffoli, relator do caso.
Em fevereiro deste ano, Toffoli cumpriu o pedido de anulação feito pelos advogados de Palocci e aplicou os precedentes do Tribunal que consideraram o ex -juiz Sergio Moro parcial para fazer as sentenças contra os réus das investigações. Moro foi o juiz principal do 13º Tribunal Federal de Curitiba.
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Com a decisão, todos os procedimentos assinados por Moro contra Palocci foram anulados. Em um caso, ele foi condenado a 12 anos de prisão. Apesar da anulação, o contrato assinado em Palocci é mantido.
Sobre o caso
Em fevereiro deste ano, o ministro Dias Toffoli, relator dos casos de lava jato na Suprema Corte (STF), decidiu se inscrever no ex -ministro Antonio Palocci, o mesmo entendimento legal que beneficiou o presidente Lula (PT). Na avaliação de Toffoli, há evidências de que houve conluio entre promotores e juízes da Força -Tarefa de Curitiba, que invalida as evidências usadas contra os Palocci.
A decisão, no entanto, foi questionada pelo Gabinete do Procurador Geral (PGR), que apresentou um apelo à Suprema Corte. Para o PGR, os testes contra os Palocci não se limitam aos produzidos por Lava Jato e incluem elementos que ele próprio reconheceu ao assinar um acordo de apego ao prêmio. O procurador -geral, Paulo Gonet, argumenta que a defesa do ex -ministro deve submeter suas reivindicações em um caso separado, a ser julgado em primeira instância e não diretamente no Supremo.
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Esse recurso de PGR está agora sob revisão da segunda classe da Suprema Corte. No julgamento, o ministro Edson Fachin votou contra a extensão automática do benefício para Palocci. Para Fachin, os casos envolvendo o ex -ministro são diferentes daqueles que já foram julgados e as supostas irregularidades do Tribunal Federal de Curitiba exigem uma investigação detalhada das evidências. Ele apontou que esse tipo de análise não pode ser feito por meio de ações simplificadas, como reclamações ou solicitações de extensão.
“No pretexto de solicitações de extensão, ele não pode examinar solicitações grandes e genéricas sobre as investigações mais variadas decorrentes da Operação Lava Jato, […] Transformando essa Suprema Corte federal em um Tribunal Universal de Conhecimento, quando a Constituição Federal não o acusou dessa função ”, disse o ministro em seu voto.